5º Kafkiana

Chamada de trabalhos

Marcando o centenário da morte de Franz Kafka (1883-1924), acontecerá na Universidade de São Paulo entre os dias 18 e 20 de setembro de 2024 a quinta edição do “Kafkiana”. O Encontro tem como objetivo congregar pesquisadores, leitores e amantes da obra de Franz Kafka, assim como divulgar pesquisas e estudos de pós-graduação em andamento.

Além de celebrar a efeméride, esta edição do Kafkiana pretende debruçar-se, a partir de diversas disciplinas das Humanidades, sobre temas amplos ligados a vida, obra, estilo, influências, adaptações e releituras de sua obra e, em particular, sobre a novela Na colônia penal (In der Strafkolonie), pequena obra-prima cuja escrita completa 110 anos em Outubro deste ano.

Como se sabe, em Setembro de 1914, Kafka, então às voltas com a redação do romance O processo (iniciada, por sua vez, poucos dias após a eclosão da Primeira Guerra Mundial), solicita quinze dias de férias ao Instituto de Seguros contra Acidentes dos Trabalhadores com o objetivo de avançar a escrita de seu romance. Curiosamente, porém, durante as férias em Outubro, Kafka deixa o romance de lado e se dedica à redação de Na colônia penal. Nessa novela, como bem assinala Modesto Carone, “um observador estrangeiro assiste aos preparativos de uma cerimônia de tortura e execução. Além dele e do próprio condenado, participam da cena apenas um soldado e o oficial encarregado de ministrar a justiça, o que será feito com o auxílio de uma máquina expressamente concebida para que cada condenado sinta na carne o peso e a especificidade da sentença que recebeu. No engenho, na precisão e na literalidade dessa máquina estão contidos tantos núcleos de tensão que ela acaba sendo, de algum modo, a ‘máquina de mundo’ kafkiana.” Dois anos mais tarde, em 1916, Kafka, em carta ao editor Kurt Wolff, que havia recusado a publicação da novela em tempos de guerra, assim a defendeu: “A sua crítica acerca do caráter penoso [dessa novela] coincide inteiramente com a minha opinião [...]. Repare quão pouco essa ou aquela forma estão livres desse caráter penoso! Como esclarecimento dessa narrativa, acrescento apenas que não somente ela é penosa, mas que o nosso tempo em geral e o meu em particular também foram e são muito penosos – e o meu em particular ainda mais demoradamente penoso do que o tempo em geral.” 

Tendo em vista nosso penoso contexto atual, que ressoa em tantas catástrofes do século passado e que também inventa suas próprias, a retomada dessa novela parece se mostrar particularmente promissora para discussões acadêmicas de alto nível. Temas contemporâneos urgentes e que se apresentam já de maneira antecipatória na novela são de especial interesse a esta edição do Kafkiana, como as discussões sobre colonialidade, decolonialidade e pós-colonialidade; performatividades de raça e gênero; militarismo; relatos de viagem e exotificação; relações entre humanos e não humanos; representações da violência e do grotesco na arte; máquinas sencientes e inteligência artificial; técnicas de escrita e impressão; memória individual e coletiva; ditaduras, tribunais populares e estado de exceção; Judaísmo, a Shoa e a secularização; direitos humanos e violações de guerra; voyeurismo e sadomasoquismo; crise da Modernidade; etc.

Neste ano, o Encontro acontecerá na mesma semana e nos dias posteriores à 17ª Jornada de Literatura em Língua Alemã da USP (16 e 17 de Setembro) e em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã da USP, o Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária da USP e o Projeto Franz Kafka.

1 até 21 de julho

Até 21 de Julho de 2024, a Comissão Organizadora receberá resumos de trabalhos de até 300 palavras, com até 5 palavras-chave, para comunicações de até 20 minutos. Os trabalhos serão avaliados por um Comitê Científico. Para se inscrever, basta enviar o resumo no formulário abaixo. 

Caderno de Programação

1 até 21 de julho

Até 21 de Julho de 2024, a Comissão Organizadora receberá resumos de trabalhos de até 300 palavras, com até 5 palavras-chave, para comunicações de até 20 minutos. Os trabalhos serão avaliados por um Comitê Científico. Para se inscrever, basta enviar o resumo no formulário abaixo. 

Comissão organizadora

Ana Canellas

Graduanda em Estudos Literários pelo IEL/UNICAMP. Desenvolveu, entre 2021 e 2022, pesquisa a nível de iniciação científica, financiada pelo CNPq, sobre os artistas em Franz Kafka. Hoje desenvolve monografia sobre o mesmo tema. (Lattes)

Juliana Lugão

Pesquisadora FAPERJ / PDR-10 junto ao Programa de Pós Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ, com o projeto: “Quando ler é também escrever: Quando ler é também escrever. Uma proposta de tradução literária de Crônica berlinense e Infância em Berlim por volta de 1900, de Walter Benjamin, acompanhada de aparato crítico”. Participa do Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas do Arquivo: Invenções, Reapropriações, Insurgências (CNPq). Doutora em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (2019).

Laís Maria de Oliveira

Doutoranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), possui graduação em Letras (2011), modalidade licenciatura em Português e Literatura e Mestrado em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Pablo Baptista Rodrigues

Mestre em Teoria Literária com a dissertação Franz Kafka: Metamorfoses da  Liberdade e da Submissão (UFRJ-CNPQ). Atualmente é doutorando (2019) do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da (UFRJ-Capes) onde desenvolve pesquisa sobre a construção da negritude estética em Franz Kafka. É mebro fundador-idealizador do Projeto Franz Kafka Brasil.

Renato Faria

Pós-doutorando em Letras pela Universidade de São Paulo (2018), com pesquisa intitulada "No gabinete do Dr. Franz Kafka: a produção literária de Kafka à luz dos seus 'Escritos de repartição'". É doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (2011), com a tese "'Assalto contra o limite': forma danificada e história em Franz Kafka".

Ricardo Pinto de Souza

Possui graduação em Português Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), Mestrado (2005) e Doutorado (2010) em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professor adjunto de Teoria Literária na Faculdade de Letras da UFRJ, com pesquisa sobre estética, especialmente a recepção da Tragédia Grega. É também editor. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada.

Tomaz Amorim

É doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP, com passagem como bolsista de intercâmbio na Universidade Humboldt de Berlim. Realizou estágio de pós-doutorado em Teoria e História Literária na Unicamp, onde estudou intersecções não-modernas entre as obras de Oswald de Andrade e Walter Benjamin.

Dúvidas

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Serão emitidos certificados? 

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